Fotos: Nathália Schneider (Diário)
Infiltrações, rachaduras e outros problemas estruturais faziam parte da rotina da comunidade de três escolas da cidade: Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ione Medianeira Parcianello; Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Casa da Criança; e Emei Luizinho de Grandi. Atualmente, os locais passam por obras e as crianças, em idade escolar obrigatória, a partir de 4 anos, precisam ser deslocadas e atendidas em outros espaços. No entanto, alunos da etapa do berçário e do maternal, matriculadas nestas instituições e que não conseguiram vagas em outras escolas, estão desassistidos, por enquanto. O município não tem obrigação de garantir vagas para estas duas faixas. A previsão é que as reformas e reconstruções terminem até o final deste ano, ou início do ano que vem.~
Além dessas, outra instituição de ensino que está em uma situação semelhante é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Major Tancredo Penna de Moraes, em que os alunos foram realocados para um prédio alugado pelo Executivo municipal.
O valor inicial da obra da Emef Ione Parcianello era de R$ 3,2 milhões, agora passou para R$ 3,6 milhões. A empresa responsável é a Versalhes Incorporação e Construção, de São Leopoldo, a mesma da Emei Casa da Criança, que começou com uma verba de R$ 1,6 milhão. Já a Luizinho de Grandi é de aproximadamente R$ 3,55 milhões. No total, o município vai investir R$ 8,7 milhões nestas três obras.
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Há pelo menos 15 anos, a escola apresentava problemas estruturais
Há pelo menos 15 anos, a Escola Municipal de Educação Infantil Casa da Criança, localizada no Bairro Noal, na Rua Venâncio Aires, aguardava reformas estruturais.
Conforme a diretora da instituição, Elisa Kummer, 43 anos, o telhado do espaço estava muito danificado, algumas manutenções haviam sido feitas, no entanto, os reparos não impediram as infiltrações.
– Usávamos baldes no corredor, chegávamos de manhã para secar a escola quando tinha chuva. O processo para a reforma já vinha de vários anos, mas começou a se concretizar em 2020, quando começamos a participar de várias reuniões sobre o assunto.
Em outubro do ano passado, uma reportagem do Diário mostrou que quatro espaços estavam interditados devido a um curto-circuito. Além disso, duas salas de aula e o fraldário estavam isolados, bem como a sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), que estava sem luz. Para tentar solucionar a situação, na época, a direção adaptou o refeitório para ser uma sala de aula e parte dos AEE's eram realizados na secretaria.
Desenrolar das obras na Casa da Criança
As obras no local começaram em janeiro de 2023. O prazo estabelecido pelo contrato é de 180 dias após a assinatura da ordem de serviço, ou seja, deveria terminar agora em julho de 2023. No entanto, de acordo com a prefeitura, tem mais um aditivo de 60 dias.
As crianças em idade escolar obrigatória, ou seja, a partir de 4 anos precisaram ser realocadas para um anexo do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. Mas, os alunos da etapa do berçário e do maternal, ainda continuam sem aulas.
Segundo a diretora, estão matriculadas 350 crianças, sendo 180 alunos com a idade obrigatória e 170 estão esperando as aulas retornarem. Kummer comenta que, com o início do ano letivo, alguns familiares pediram transferências para outras instituições.
A reforma abrange a área onde os alunos eram atendidos e também a parte da frente, onde funcionava a Unidade de Saúde Centro Social Urbano. Há um mês, o Centro foi finalizado e os 180 alunos que estavam no Olavo Bilac (que passa por obras também) puderam voltar.
– A previsão de término era para julho, mas a princípio vai mais dois meses. A prefeitura está em processo para a locação de um outro prédio para conseguirmos atender as crianças do berçário, enquanto a obra não fica pronta.
O novo espaço para realocar as crianças do berçário e do maternal ainda não tem previsão. A diretora afirma que, a princípio, não será disponibilizado transporte para as crianças.
Quando a reforma estiver finalizada, a Casa da Criança vai passar a ter mais seis turmas em 2024 - são 10 atualmente. Com isso, a instituição vai conseguir atender mais 120 crianças, além de os professores das etapas creche e maternal, que estão cedidos para outras instituições, conseguirem retornar para a escola.
Nova estrutura
Para a artesã Jéssica Lorensi, 30 anos, a nova estrutura é uma vitória da comunidade, porque os pais vão se sentir mais seguros e tranquilos em deixar os filhos no local. Ela é mãe da pequena Clara Lorensi Gama, 3 anos, e do Theo, 6. Clarinha está sem aula desde o início do calendário letivo:
– Ela fica comigo, porque eu trabalho em casa, mas se tivesse que trabalhar fora, certamente ela não faria mais parte da Casa da Criança. O Theo foi para o Bilac, mas não foi disponibilizado transporte. Eu participei de algumas conversas com a Secretaria Municipal de Educação, mas nunca ficou nada decidido sobre transporte. O mais importante era achar o local e realocar as crianças.
Jéssica relata que, durante o período dos alunos no Instituto Olavo Bilac, algumas famílias não tinham como levar as crianças, porque dependiam de um meio de locomoção. Porém, mesmo sem a prefeitura disponibilizar o transporte, na visão dela, essas famílias acabaram conseguindo manter as crianças na escola com a ajuda da comunidade.
– Pelo que já percebemos, está muito bonita a escola. A estrutura antiga era bem complicada, no inverno até ficávamos bem ansiosos de trazer as crianças, porque em dias de chuva não dava, era bem gelado, as crianças sempre estavam com problemas respiratórios.
O que diz a prefeitura
Sobre o novo prédio para atender as crianças em idade não obrigatória, o poder público explica que a Smed busca o local adequado e ideal para atender as crianças da etapa creche, de 0 a 3 anos. O espaço avaliado para receber esses alunos está em adequação e, assim que for concluído o processo, será divulgado.
Em relação a demora para o início das obras da Casa da Criança, a prefeitura responde em nota:
"Há uma demanda histórica acumulada por reformas e obras na Rede Municipal de Ensino (RME). Diante desse cenário, a Smed estabelece periodicamente uma lista de prioridades. Cabe frisar que, na presente data, há 17 obras em execução e oito obras em processo de elaboração ou finalização de projeto".
Entenda o caso Casa da Criança
- Problema – A escola tinha problemas no telhado e quando chovia havia goteiras dentro do local. Passou por um curto-circuito por causa dos problemas no telhado. Há 15 anos a escola precisava de reformas
- Início das obras – A ordem de serviço ocorreu em janeiro de 2023, com previsão para o término depois de 180 dias (julho deste ano). Contudo, tem um aditivo de mais 60 dias
- Investimento – O valor inicial da obra da Casa da Criança foi de R$ 1,6 milhão
- Situação da reconstrução da escola – Em julho de 2023, a reforma ainda está em andamento
- Estrutura da obra – Adequação dos sanitários, instalação de divisórias, pintura externa e interna, substituição de pisos, construção de piso inclinado para o acesso à edificação e substituição do telhado. A reforma também prevê a demolição de paredes de alvenaria e de PVC e a construção de paredes de alvenaria e gesso para abrigar novos sanitários e salas de aula. Além de reformar a parte do onde funcionava a Unidade de Saúde Centro Social Urbano
- Situação dos alunos – A instituição de ensino atende em torno de 350 crianças, sendo 180 alunos com a idade obrigatória e 170 estão esperando as aulas retornarem. Há um mês, os alunos a partir de 4 anos, estão com aulas no Centro Social. Um outro prédio está para locação para atender as crianças da etapa da creche e do maternal
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